Pouco conhecida e divulgada no meio acadêmico a Logoterapia ou Análise Existencial, mais do que uma escola psicológica é uma atitude, uma visão de homem que contempla assuntos relevantes hoje e sempre, os quais se fazem presentes nas mais diversas patologias apresentadas pelo Ser Humano, tais como a compreensão ( ou falta de) da própria existência, o ser-no-mundo como pessoa humana na atualidade do aqui-agora, a angústia, o sofrimento, a culpa e a morte, e que enfatiza o real significado da liberdade e da responsabilidade, focando a primeira como liberdade “para”, mais do que liberdade “de”. Valoriza a pessoa humana, vê o homem nas dimensões do corpo, psiquismo e espírito, e lembra o caráter de missão da vida humana.
Seu objetivo é o entendimento das dimensões tidas como irracionais da experiência humana, por isso preocupa-se com a (auto) transcendência e com o sentido último da existência, o qual embora escape de nossa apreensão intelectual, pode ser descoberto no mundo, fora do sistema fechado de cada psique, já que o homem sempre aponta e se dirige para algo ou alguém diferente de si mesmo. A auto-realização, pois, nesta abordagem terapêutica só é possível como um efeito colateral da (auto) transcendência.
A logoterapia busca a descoberta do sentido da vida para cada um, pois é certo que a vida não é fim em si mesma, o que nos converteria em vítimas indefesas dos fatalismos do destino, seria uma cobertura cômoda que colocaria o homem sob o império de seus impulsos instintivos, um joguete de disposições genéticas irremediáveis, ou institucionalizaria falhas de conduta e desvios caracteriológicos, frutos do meio ou de pressões externas, os quais se tornariam determinantes, sem chance de posturas diferentes, novas e criativas.
Viktor Emil Frankl (1905-1998) criador desta terceira escola de Viena*, um psiquiatra e neurologista, que experienciou os campos de concentração nazistas, doutor em medicina e filosofia, mostra com sua teoria e psicoterapia que por mais grave que seja uma situação, o ser humano é dotado de uma dimensão jamais atingida: a noética, uma instância nobre e elevada que possibilita uma realização para valores, mas que seguidamente está “adoentada”, “intoxicada” e “paralisada” pelos mais diversos fatores que atingiram a singularidade de sua história.
O terapeuta analista existencial através de um tratamento integrador e globalizante, não exclusivista, que pode, e por vezes deve ser coadjuvante de outras correntes psicológicas, visa então, respeitando a dignidade da pessoa, proporcionar a ação dinamizadora dos valores e das forças invencíveis do espírito, despertando-o para um potencial consciente e visível.
Lembremo-nos que São Tomaz de Aquino já perguntava: - Quem cura? O psicoterapeuta/médico – o remédio?- a natureza do paciente?
Façamos uma reflexão a este respeito atribuindo o devido valor a cada uma destas parcelas, para sabermos como utilizar o peso que cada uma delas desempenha em cada situação e momento, de forma que o foco principal seja sempre a valorização da pessoa humana.
*as duas anteriores foram as de Freud e Adler
Claudia Maria Nobre dos Santos é Psicóloga – Logoterapeuta
(CRP 07/18246)
(CRP 07/18246)
Contato – claunobre@gmail.com
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