por Cíntia Serpa
“... Faz-se necessário então um míssil inteligente que possa mudar de direção no meio do caminho, dependendo das circunstâncias, que seja capaz de detectar imediatamente os movimentos do alvo, suas alterações de posição e velocidade — e dessas informações deduzir o ponto exato em que suas trajetórias se cruzarão. Esses mísseis inteligentes não podem suspender a coleta e o processamento de informações enquanto viajam, muito menos concluí-las — seu alvo nunca pára de se mover e mudar de direção e velocidade, de modo que a marcação do local de encontro deve ser constantemente atualizada e corrigida...” ( Zygmunt Bauman)
A analogia exposta pelo autor despertou-me alguns pensamentos acerca de minha experiência acadêmica. Fico a pensar que provavelmente tornar-se um “míssil inteligente” no âmbito da psicologia proporcionará um diferencial profissional impactante.
Sendo uma estudante de psicologia, me detenho a falar em especial destes profissionais, considerando que os mesmos estudam a ciência do comportamento humano e aplicam o conhecimento no contexto profissional. Julgo inadmissível que profissionais desta área sejam apáticos diante das inúmeras responsabilidades que possuem. É sob este contexto que observo algumas vezes a “ausência de um livre pensar” sobre a atuação do psicólogo e as demandas que lhe são delegadas. Acredito que além de estudar sobre as teorias e fenômenos é essencial pensar em como estamos atuando como futuros ou já profissionais. Em se tratando de uma profissão que objetiva a promoção da dignidade e integridade humana faz-se necessário um exercício acerca do comportamento profissional visando à busca de “novos olhares”, elaboração de críticas e pensares próprios sobre as práxis e não apenas reproduzir condutas estereotipadas.
Cabe destacar que é necessária uma “constante formação”, uma vez que “trabalhar com pessoas” requer além de habilidade, estudos, transformações, sensibilidade e percepção, ou seja, o cuidado de aprimorar o trabalho. Todas estas questões que exigem flexibilidade e atenção do profissional impulsionam uma reflexão também sobre a ética, pois acredito que este é um assunto que necessita de um olhar cauteloso e responsável, no qual é essencial atualizar-se constantemente.
Enfim, penso que é imprescindível então que estudantes e profissionais estejam atentos para não se auto-boicotarem, nem tão pouco tornarem-se limitados. Bons profissionais serão os que despertarem para transformarem-se em “mísseis inteligentes”, capazes de mudar de direção quando for preciso, tornando-se assim profissionais com o diferencial impactante que mencionei anteriormente.
Cíntia Serpa é acadêmica do curso de Psicologia/UCPel, 9º semestre.
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